"É tempo de abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os caminhos
que nos levam sempre aos mesmos lugares."

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Quem sou?


Ontem,
Estava convencida que sabia,
Quem era.
Oh! que ilusão!
Que erro meu!
Hoje,
Não sei quem sou,

Nem posso saber.
Espero o acontecimento,
Na incerteza do tempo.
De mim,
Só o meu nome sei dizer,
Pouco mais posso saber;
Sou apenas gente,
Que nasci para morrer,
Hoje ou amanhã,
Numa fuga vã,
Na traição do pensamento,
Que nos promete hoje,
E nos esquece amanhã.

Sou apenas como o vento,
Que não se vê só se sente,
Sou como o pensamento
Que se oculta na gente.

Sou como alguém que cai,
Arrastado pelo vento,
Sou o eco de um ai,
Os suspiros de um sofrimento.

Mas afinal quem sou eu,
Que não sou chuva nem vento,
Sou um dia que escureceu,
Ou noite perdida no tempo.

Sou fogueira que se apagou
Que ardeu e já não aquece,
Sou cinza que o vento levou,
Que numca mais aparece

Sou som, que não soa,
Sou luz, que não ilumina,
Sou ave, que não voa
Sou rio, que ali termina

Sou pena solta a voar,
Que da ave se depenou,
Vôo suspenso no ar,
Sou pena que a ave deixou
(Joaquim Tomé)